
“Cresci indo à igreja o tempo todo, talvez cinco vezes por semana. O que talvez os surpreenda, porém, é saber que durante toda minha infância, em todos os cultos aos quais assisti, eu só ouvi um sermão. [...] O sermão era mais ou menos assim: ‘você é pecador e você vai para o inferno. Você precisa se arrepender e crer em Jesus. Jesus talvez volte hoje, e se ele voltar e você não estiver preparado, você vai queimar para sempre no inferno’. [...] Quando fiquei mais velho, me dei conta de que minha vida inteira tinha por pano de fundo genocídios e violência, pobreza e corrupção. Mais de um milhão de pessoas morreram no meu país numa série de genocídios começando em 1959, e cerca de um milhão em Ruanda [...]. Tanta morte, tanto ódio e falta de confiança entre tribos, tanta pobreza, sofrimento, corrupção e injustiça, e nada nunca mudou. De repente me dei conta de uma coisa. Eu nunca ouvi um sermão que se dirigisse a essas realidades. Será que Deus só se importava em nossas almas irem para o céu depois de morrermos? Nossas barrigas vazias não teriam importância para Deus? [...]”
Claude Nikondeha, do Burundi, em Maio de 1994 num encontro de líderes do Burundi, Ruanda, Congo e Uganda.http://www.amahoro-africa.org/
Será mesmo que Deus nos colocou na Terra para que ouvíssemos palavras assim, encontrássemos uma igreja, vivêssemos uma vidinha medíocre de 'o cara certinho', morrêssemos e fôssemos para o céu?
Será que Ele não queria que em vez de viver igreja, vivêssemos comunidade? Que nos aproximássemos dos mendigos na rua, conversássemos e comêssemos com eles? Que nos dispuséssemos a ir à casa dos mais humildes e recolhêssemos junto com eles aquilo que poderia servir como foco de dengue? Que nos aproximássemos do irmão e perguntássemos como anda sua vida, não por educação, mas por sincera curiosidade?
Será que realmente vivemos CRISTIANISMO?
Será que fazemos algo quando vemos que alguém está morrendo espiritualmente?
Será que algum dia conseguirei ser metade da pessoa que Deus queria que eu fosse quando me criou?